terça-feira, março 28, 2006 

A Cama

não há
o que ver lá fora
outrora era sonho
não há
cantos esperançosos
sim: desencanto.


o amanhecer silencioso da rua
evidencia o meu burlar o sono

não, à
cor em misturas,
digo em voz insegura
completa de responsabilidade
não, à
cama do descanso.

dependura-se a noite no horizonte
aprisiona-me o corpo no presente

não há
outros na rua
todos em sono profundo
deitados pelo cotidiano
vivem de remorso e,
sonham.


[Nathalia da Mata]

sábado, março 18, 2006 

Sou das Sombras


"pode falar de amor e luar...
pelo menos é o que vem na minha mente ao ver essa figura
e pode falar de pirralha
como a vida pode ser alegre quando criança"
(um amigo)

"tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu..."
(um chico)

e como papagaios repetindo tudo o que já ouviu na vida
pra dizer que não sabe o que dizer!


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(QUADRO: MIRÓ)

terça-feira, março 07, 2006 

Outra Poeta

Renúncia
(Florbela Espanca)


A minha mocidade outrora eu pus
No tranquilo convento da tristeza;
Lá passa dias, noites, sempre presa,
Olhos fechados, magras mãos em cruz...

Lá fora, a Lua, Satanás, seduz!
Desdobra-se em requintes de Beleza...
É como um beijo ardente a Natureza...
A minha cela é como um rio de luz...

Fecha os teus olhos bem! Não vejas nada!
Empalidece mais! E, resignada,
Prende teus braços em uma cruz maior!

Gela ainda a mortalha que te encerra!
Enche a boca de cinzas e de terra,
Ó minha mocidade toda em flor!

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