Do outro lado do mar
A lua que não era pra ser vista.
Nem escrita havia sido
A epígrafe de qualquer história
Que pudesse talvez ser,
Mas a lua já queria ser vista
E cantava como quem chama o amor
Avermelhava os olhos do que era céu
Ocultava o tempo do que era ser
Nem havia vogais
Balbuciando um início de choro
Que pudesse talvez ser,
Mas a lua queria ser
De quem respirava próximo a lábios
De quem beija
Mas não era pra ser vista
A lua era a epígrafe de outras histórias.
Então o que fazem os heróis
Quando é confusa a bondade?
Nem havia vento
Para contar um pequeno acaso
Nem havia como distrair
Seu sorriso com inocência para o meu
Do outro lado do mar
Esperávamos para sempre
Então o que fazem os heróis
Com o amor?
A lua já chegava no alto da noite
Era cedo ainda.
E por que cantar às cidades e deixá-las?
As pedras protegem a lua, a minha voz.
E os heróis
Escondem seus beijos.
[Nathalia da Mata]