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domingo, dezembro 11, 2005 

Vai, Ano Velho


(Outro Poeta - Afonso Romano de Sant'Anna)


vai, ano velho, vai de vez
vai com tuas dívidas
é dúvidas, vai, dobra a ex-
quina da sorte, e no trinta e um,
a meia noite, esgota o copo
a culpa do que nem lembro
e me cravou entre janeiro e
dezembro.

vai, leva tudo: destroços,
ossos, fotos de presidentes,
beijos de atrizes, enchentes,
secas, suspiros, jornais.

vade retrum, prá trás,
leva pra escuridão
quem me assaltou o carro,
a casa e o coração.
não quero te ver mais, só daqui a anos,
nos anais, nas fotos do nunca-mais.

vem, Ano Novo, vem veloz,
vem em quadrias, aladas, antigas
ou jatos de luz moderna, vem,
paira, desce, habita em nós,
vem como cavalhadas, folias, reisados,
fitas multicolores, rabecas, vem com
uva e mel desperta
em nosso corpo a alegria,
escancara a alma, a poesia, e por um
instante, estanca
o verso real, perverso
e sacia em nós a fome
- de Utopia.


vem na areia da ampulheta com a
semente que contivesse outra se-
mente que contivesse ou-
tra semente ou pérola
na casa da ostra
como se
se
outra se-
mente pudesse
nascer do corpo e mente
ou do umbigo da gente como ovo
o sol a gema do ano novo que rompesse
a placenta da noite em viva flor luminescente.

adeus, tristeza: a vida
é uma caixa chinesa
de onde brota a manhã.
agora
é recomeçar
a utopia é urgente.
entre flores e urânio
é permitido sonhar.

Agora na íntegra o Maravilhoso e propício poema de Sant'Anna

Muito obrigado!

que lindo!!!Ah!!!!!!!!Affonso Romano de Sant'anna, o meu preferido,o meu poeta maior!

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